segunda-feira, 25 de abril de 2011

1º de Maio 2011



1º de Maio de 2011 – Manifestação Anti-Capitalista em Setúbal

Chamada à recuperação da tradição combativa e anti-autoritária do “dia do trabalhador”
{Chamada a uma mobilização geral}

Desde o grupo de pessoas que compõem o recém formado colectivo anarquista *Terra Livre* de Setúbal queremos convocar uma manifestação de indivíduos, grupos, colectivos, espaços ou sindicatos apartidários, anti-autoritários, anti-políticos ou autónomos para o Domingo 1º de Maio de 2011.
Desejamos fazer desta data um marco de mobilização não controlada por nenhuma força partidária, por nehuma central sindical , ou qualquer força de repressão e controlo do Estado.
Desejamos recuperar o seu carácter de mobilização geral de trabalhadores, desempregados, estudantes e de todos quantos anseiam por uma sociedade nova, livre de violência capitalista, jogos partidários e repressão estatal.

{1º de Maio de 1886}

Em Chicago, EUA, as mobilizações operárias são violentamente atacadas pela polícia, seguranças privados e mercenários nas mãos dos ricos. Ao fogo tirano responde o fogo dos revolucionários. Caem corpos no chão dos dois lados da barricada.
Uma dezena de anarquistas são presos, condenados e injustamente assassinados: não interessava a verdade, mas sim o exemplo e a instauração de um clima de terror e medo entre o povo.
O efeito foi contrário: desse dia em diante, por todo o mundo, milhões de pessoas se levantam em solidariedade com esses anarquistas presos, propondo-se a resgatar da prisão essas sementes de dignidade humana. E dos corpos desses anarquistas cravejados das balas do poder e da infâmia, brotaram as raízes do assalto colectivo às cúpulas, para tentar trazer a (des)ordem capitalista aos seus joelhos e finalmente decapitá-la.
Até aos dias de hoje houve algumas vitórias, muitas derrotas e demasiadas traições… mas não houve um momento de descanso. A violência do Estado e dos patrões mudou bastante, perdendo a sua “simplicidade” enquanto refinava as suas tácticas, adquirindo tecnologia de ponta e requintes repugnantes de crueldade e maquiavelismo. Pelo contrário, as condições laborais / sociais/ económicas têm andado para trás, estando hoje pouco ou nada melhor do que no inicio do século passado, apesar dos gigantescos avanços tecnológicos e ciêntificos.
O que podemos aprender desses tempos, recusando qualquer mistificação do passado, é que a solidariedade e a acção colectiva das bases surgem sempre como uma poderosa arma em tempos de guerra suja dos governantes contra os seus governados

{2011 – Estamos Inquietos }

Há várias posições assumidas, mas dê lá por onde der, um facto é hoje inegável, da Tunísia à China, da Grécia a Portugal: os dias da paz social e apatia inquebrável ficaram para trás. Muitos sabiam que mais tarde ou mais cedo aconteceria, outros foram apanhados de surpresa. Alguns já tinham feito as suas jogadas antecipando-se, mas muitos mais têm agido com a espontaneidade e criatividade que os tempos exigem.

O que nos causa hoje em dia uma grande inquietação não é simplesmente o facto de vivermos sob o controlo de um poderoso Estado que nos oferece blindados e policias para resolver a nossa fome.
Não é só o facto de termos de apertar tanto o cinto até que o tenhamos de pôr finalmente à volta do pescoço.
Nem tão pouco a “crise” desta economia que nos obriga a todos a ser seus fiadores e que no fundo existe desde que o capitalismo é a nossa forma de regime económico.
Não é só o facto dos direitos laborais serem sinónimos de uma escravatura com menos chicotes, ou da democracia ser a maior ditadura de que há memória.
O que nos inquieta é saber que é de todos nós que se alimenta este virús chamado capitalismo, e portanto que é também de nós que depende a sua destruição.
Estamos inquietos e é sem dúvida nenhuma o tempo de sair à rua. Sem líderes nem partidos, sem cúpulas nem dirigentes. Sabendo que assim que levantamos a voz e os braços surgem imediatamente alcateias de instituições, partidos e organizações a quererem controlar os nossos gritos. Sabemos também que independentemente da data, todos os dias são um bom dia para recuperarmos a dignidade que o estado e a ganância de alguns nos foram roubando a todos.
Portanto, movermo-nos colectivamente a partir da base e de forma autónoma no primeiro dia de Maio é fruto do desejo de nos movermos assim todos os dias! E assim deixarmos para trás a corja de abutres e oportunistas que tentarão anunciar-se como “salvadores da pátria”, tão interessados que estão em chupar o nosso sangue de uma forma mais “justa”, mais “democrática” ou mais “nacionalista”.


{Porquê Setúbal?…}


Setúbal mantém um espírito rebelde apesar das inúmeras investidas do progresso capitalista e da pobreza. É uma cidade com fortes raízes de lutas libertárias, que nunca deixou de ser território de conflitos sociais. A ideia era propôr Setúbal como local anual para as iniciativas libertárias do 1º de Maio reconhecendo na cidade o potencial para um protesto mais vísivel nas ruas e menos imiscuido na paleta de cores partidarias e institucionais que as grandes mobilizações trazem a Lisboa.
O objectivo seria termos o espaço para criar uma mobilização autónoma e de base e consideramos que em Lisboa esta tarefa é bem mais difícil, confusa e frustrante; acrescida de toda a perseguição promovida vezes sem conta pelo grupo de ordem da CGTP (cujos abusos não tencionamos tolerar) que coopera e participa das tácticas repressivas da Polícia (para mais tarde fazerem figuras tristes a indignar-se com a “violência policial” quando lhes toca a eles) e que nos atraí com demasiada frequência para um confronto que não é o nosso objectivo.
O nosso desejo não é, no entanto, criar espaço para que membros de base da cgtp sejam alvos dos nossos insultos já que antes de considerarmos um individuo como “sindicalista” ou “membro da cgtp” considera-lo-emos enquanto individuo. Os nossos insultos ficam guardados para os dirigentes e para as cúpulas.
Não foi nem nunca será difícil expressar as nossas ideias e a nossa combatividade se em vez de nos focarmos no que há de criticável nas organizações sindicais, nos focarmos nos nossos princípios, métodos e objectivos.

{E agora… mãos à obra companheiros!}

Queremos pôr esta proposta em discussão. Levem-na aos vossos grupos, colectivos, companheiros, camaradas ou amigos do café. Planeiem, conspirem, discutam e critiquem.
Pelo caminho vão haver um par de reuniões para acertar detalhes, e uma assembleia mais abrangente. Se quiseres participar nas preparações ou tiveres sugestões entra em contacto através do nosso e-mail. Todos poderemos aportar com um pouco para a realização deste projecto e seguramente conseguimos fazer o possível e o impossível. Sempre o conseguimos. Sem estruturas hierárquicas, sem autoridades mesquinhas e sem politiquices.

Sem nada disso, mas com toda a determinação, respeito, dignidade e combatividade.


Todos a Setúbal no 1º de Maio 2011, pelas 13:00 no Largo da Misericórdia.


Nota- Até ao momento não se conhece qualquer convocatória para a celebração do dia 1 de Maio nos Açores. Alguns "sindicalistas" dos Açores costumam "manifestar-se" em Lisboa.

domingo, 17 de abril de 2011

ANARQUISMO PARA PRINCIPIANTES


Se acreditarmos no senso comum, e no que dizem os dicionários, sobre as palavras anarquia e anarquismo, estas significarão desordem, caos, confusão. Mas se pesquisarmos um pouco mais, veremos do que se trata verdadeiramente é de conceitos usados por pensadores e activistas sociais de uma importante escola do pensamento politico a que estão associados nomes como Proudhon, Bakunin, Kropotkin, Elisée Reclus, Malatesta, Murray Boochkin, Michael Foucault, Gilles Deleuze, Noam Chomsky e, em Portugal, Antero de Quental, Eça de Queiroz, Aquilino Ribeiro, Ferreira de Castro, António Sérgio, Aurélio Quintanilha, Emídio Santana, etc.

Anarquismo para Principiantes ajuda a compreender o verdadeiro significado, as ideias e a história do anarquismo e da anarquia para além das mistificações e preconceitos que habitualmente os envolvem e que leva a um grande desconhecimento por parte das pessoas em geral.

Na verdade, anarquia não significa ausência de ordem, mas antes ausência de Estado e de representantes políticos que decidem sobre os nossos assuntos ( da população em geral), que nos controlam e nos manipulam em funções dos interesses que não são os nossos. Anarquismo preconiza, pois, uma ordem sem poder, na medida em que são as próprias pessoas que se auto-organizam segundo os princípios da cooperação, do apoio mútuo e da solidariedade, sem necessidade de um Estado. Os anarquistas defendem serviços públicos a favor da comunidade, mas não os serviços estatais centralizados por um governo.

E, hoje, quando as doutrinas liberais e marxistas se vêem desacreditadas face à evolução social, o que vemos a ressurgir um pouco por todo o mundo são os valores libertários, as ideias e as práticas cooperativas defendidas pelos anarquistas, que passam a marcar presença nos fóruns e nos debates sobre os mais variados assuntos desde a ecologia, as redes sociais, a democracia directa e participativa, a cultura popular, movimentos sociais, as vanguardas artísticas, etc, e que, apesar da sua pluralidade, têm em comum a luta pela emancipação social e o respeito pela dignidade e liberdade de cada indivíduo.

O livro Anarquismo para Principiantes ajuda-nos a fazer uma primeira abordagem às ideias e à história do anarquismo, sem dispensar outras leituras posteriores

Texto de Viriato Porto (facebook)

O livro pode ser descarregado aqui: http://www.4shared.com/document/VplQw4oa/Anarquismo_para_principiantes.html