segunda-feira, 27 de abril de 2009

1º de Maio Anticapitalista e Anti- Autoritário

Manifestação
Jardim Príncipe Real – Lisboa – 16 h


O 1º de Maio evoca aqueles que morreram na luta contra o capital. Desta forma, nunca poderá ser uma celebração. Por outro lado, em circunstância alguma se deverá homenagear uma das suas formas de escravatura: o trabalho ou o estatuto de trabalhador nos moldes de uma sociedade capitalista e autoritária.

A nossa luta é directa e global, contra todxs xs que nos exploram e oprimem, contra o patrão no nosso local de trabalho, contra o bófia no nosso bairro, contra a lavagem cerebral na nossa escola, contra as mercadorias com que nos iludem e escravizam, contra os tribunais e as prisões imprescindíveis para manter a propriedade e a ordem social.

Não nos revemos no simulacro de luta praticado pelxs esquerdistas, ancoradxs nos seus partidos, sindicatos e movimentos supostamente autónomos. Estes apenas aspiram a conquistar um andar de luxo no edifício fundado sobre a opressão e a exploração, contribuindo para dar novo rosto à miséria que nos é imposta.

Recusamos qualquer tentativa de renovação do capitalismo, engendrada nas cimeiras dos poderosos ou na oposição cínica posta em cena pelos fóruns dos seus falsos críticos. Não tenhamos ilusões. Não existe capitalismo “honesto”, “humano” ou “verde”. A “crise” com que nos alimentam até à náusea não é nenhuma novidade. A precaridade não é só um fenómeno da actualidade, existe desde que a exploração das nossas vidas se tornou necessária à sobrevivência deste sistema hierárquico e mercantil.

Porque queremos um mundo sem amos nem escravos, apelamos à resistência e ao ataque anticapitalista e anti-autoritário. E saímos à rua.

terça-feira, 21 de abril de 2009

1º de Maio de Luta



[versão em português por Colectivo Luta Social]

Hoje em dia a evolução actual da crise do capitalismo coloca os trabalhadores ante duas opções bem definidas: ou sofrer num sistema económico e social desigual e autoritário ou, em vez disso, estabelecer as resistências para impor uma verdadeira repartição das riquezas e que os nossos direitos e libertadas sejam respeitados.

Nós, abaixo-assinados, sindicalistas revolucionários ou anarcossindicalistas, fizemos muito claramente a nossa escolha. Não queremos continuar a negociar a nossa derrota; preferimos, aqui e agora, organizar as nossas vitórias. E, para tal, somente greves gerais interprofissionais e por tempo indetermionado, como já se podem observar em vários países, nos vão permitir derrotar os dirigentes políticos e económicos. Apenas a solidariedade internacional sem falha de todos os trabalhadores, do Norte ou do Sul, de Leste ou de Oeste, poderá fazer cambalear o sistema político e económico que tem esmagado quotidianamente as nossas liberdades e nossos direitos.

NÃO PAGAREMOS A CRISE DELES !!

As organizações sindicais devem fazer todo o possível para inverter as relações de força e terminar agora com a chantagem a pretexto da crise e as políticas de destruíção social. Porque pensamos que a exploração já durou bastante e porque estamos fartos de trabalhar sempre para aumentar os lucros deles; porquer exigimos o direito a uma saúde, uma educação e a transportes de qualidade e públicos; porque exigimos o direito de ciruclar livremente num mundo sem pátrias nem fronteiras. Por estas razões e por muitas mais, apelamos à construção de um sindicalismo revolucionário, anti-capitalista e anti-autoritário, o único capaz de fazer com que as relações de força se invertam.

Afirmamos pois, sem rodeios nem complexos, que o fundamento de todas as crises económicas, sociais, ecológicas ou internacionais não é senão o capitalismo.

Porque afirmamos que por detrás da lógica do lucro se perfila uma lógica da morte.

Acabemos com o capitalismo AGORA, QUE ESTAMOS A TEMPO.

Imponhamos pela luta sindical e social outro modelo de sociedade, mais livre mais justo, para que o nosso futuro não seja como o nosso presente e em versão pior.

Organizações que subscreveram:
CNT (França), Solidaridad Obrera (Espanha), ASSI (Espanha), SAC (Suécia), Luta Social (Portugal), ASOINCA (Colômbia), CGT (Espanha), ODT (Marrocos), Iniciativa de l@s Trabajador@s - IP (Polónia), USI (Itália), Confederacion del sector publico - CSP (Camarões) SISA (Itália), Federacion Obrera de Base - FOB (Argentina), Espacio Sindical Democratico - ESD (Marrocos), USTKE (Kanaky / Nova Caledónia), NGWF (Bangladesh), Consejo de los Licéos de Argelia (CLA), USNTB (Benin), CGT CI (Costa de Marfim), SINALTRAINAL (Colômbia), Comision sindical de la Via democratica (Marrocos), ESE (Grécia), IWW (Grã Bretanha e Estados Unidos), ANDCM (Marrocos), Colectivo de mujeres de Cabilia (Argélia). CGT B (Burkina Faso)

terça-feira, 7 de abril de 2009

1º de Maio: Luta e Resistência


O primeiro de Maio já foi um dia de luta e resistência operária. Neste dia os trabalhadores iam as ruas cobrar seus direitos através da acção directa popular. Durante muito tempo o dia do trabalhador foi marcado por inúmeras manifestações populares e também pela forte repressão estatal e burguesa contra os movimentos sociais combativos.


O 1º de Maio tem sua origem enraizada na AIT (Associação Internacional dos Trabalhadores). Os trabalhadores ligados a AIT tinham a proposta de declarar um dia de luta pela jornada de oito horas de trabalho. Mas os acontecimentos de Chicago no ano de 1886, que deram o verdadeiro significado do 1º de Maio.


No século XIX as condições da classe trabalhadora eram terríveis. As condições de trabalho eram mínimas, a jornada diária era exaustiva e sub- humana, crianças e mulheres grávidas eram obrigadas a trabalhar. Com toda essa situação de extrema exploração dos trabalhadores e o avanço de ideias socialistas muitas associações e sindicatos autónomos de operários começaram a surgir e a reivindicar melhores condições de trabalho e a jornada de oito horas diárias.


No dia 1º de Maio de 1886 milhares de trabalhadores de Chicago e de outras cidades dos EUA saem às ruas cobrando seus direitos. No dia 4 de Maio em nova manifestação, uma explosão de uma bomba serve como desculpa para uma violenta repressão contra os trabalhadores. A repressão deixa mais de cem mortos e dezenas de operários e anarquistas são presos. Dos trabalhadores presos, August Spies, tipógrafo de 32 anos, Adolf Fischer tipógrafo de 31 anos, George Engel tipógrafo de 51 anos, Ludwig Lingg, carpinteiro de 23 anos, Michael Schwab, encadernador de 34 anos, Samuel Fielden, operário têxtil de 39 anos e Oscar Neeb seriam julgados e condenados. Um dos oradores do comício operário que não foi preso durante a repressão se apresentou voluntariamente a policia e declarou: "Se é necessário subir também ao cadafalso pelos direitos dos trabalhadores, pela causa da liberdade e para melhorar a sorte dos oprimidos, aqui estou". Quatro dos trabalhadores foram mortos na forca e os demais executados no dia 11 de Novembro de 1887. Augusto Spies declarou, antes de morrer: "Virá o dia em que o nosso silêncio será mais poderoso que as vozes que nos estrangulais hoje".


Esse episódio trágico que deu origem ao significado do 1º de Maio mostra como a Burguesia através do Estado trata os trabalhadores, quando estes se encontram organizados e dispostos a lutar pelos seus direitos e pela sua emancipação. Durante muitos anos as manifestações combativas e a repressão continuaram no dia do trabalhador. Actualmente a realidade dos trabalhadores não é muito diferente. Sem terra e teto, desempregados, estudantes, catadores, domesticas e todo o conjunto da classe trabalhadora ainda sofrem os efeitos nefastos do sistema capitalista que, agora se apresenta na sua versão neoliberal. Mesmo com a exploração contínua e actualizada do sistema capitalista o sentido de resistência e luta do 1º de Maio anda meio perdido e vemos a maioria dos movimentos sociais e sindicatos realizando festas e eventos para divertir os trabalhadores neste dia que tratam apenas como mais um feriado. Não reconhecem mais o 1º de Maio como um dia de luta e resistência.


O que nos anima é que uma parte dos movimentos sociais já se deu conta da apatia e do reformismo que vem imperando na maioria dos movimentos e sindicatos existentes. Muitas lutas começam a ser travadas de forma directa e, movimentos autónomos e horizontais, baseados na acção directa popular voltam a ser uma realidade e relembram a memória dos companheiros que tombaram lutando pela liberdade e pela autonomia dos trabalhadores frente aos patrões e ao estado.


Nós, anarquistas, seguimos firmes na construção de movimentos populares combativos e autónomos da classe oprimida. O 1º de Maio é dia de luta, não de festa e conciliação!
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Texto retirado do Informe Anarquista nº04, publicação trimestral do Colectivo Pró Organização Anarquista em Goiás
Fonte: http://www.anarkismo.net/article/2618