sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Desemprego aumenta mais nos Açores



Os centros de emprego nos Açores registaram em Setembro mais 1809 desempregados do que no mês homólogo de 2010, indicam dados divulgados ontem pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP). A Região regista assim o maior aumento de inscritos em centros de emprego a nível nacional, com um acréscimo de 31,8% face a 2010 e ainda a subida mais acentuada no mês de Setembro, com mais 300 desempregados face a Agosto (um aumento de 4,2%).

Fonte: AO, 21 de Outubro de 2011

domingo, 9 de outubro de 2011

Anarquismo e ecologia


ANARQUISMO E ECOLOGIA
Murray Bookchin

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O anarquismo não se limita apenas a ideia de criar comunas independentes. E, se me detive a examinar esta possibilidade, foi apenas para demonstrar que, longe de ser um ideal remoto, a sociedade anarquista tornou-se um pré-requisito para a prática dos princípios ecológicos. Sintetizando a mensagem crucial da ecologia, diremos que, ao reduzir a variedade no mundo natural, estaremos aviltando sua unidade e integridade, destruindo as forças que contribuem para a harmonia natural e para o equilíbrio duradouro e, o que é ainda mais importante, estaremos provocando um retrocesso no desenvolvimento do mundo natural. Retrocesso que poderá eventualmente, impedir o aparecimento de outras formas mais avançadas de vida.
Sintetizando a mensagem reformadora da ecologia, poderíamos afirmar que, se desejamos promover a unidade e estabilidade do mundo natural, tornando-o mais harmonioso, precisamos estimular e preservar a variedade. Mas estimular a variedade pela variedade seria um vazio. Na natureza, ela surge espontaneamente.

As possibilidades de sobrevivência de uma nova espécie são testadas pelos rigores do clima, pela sua habilidade em enfrentar seu inimigos, pela sua capacidade de estabelecer e ampliar o espaço que ocupa no meio ambiente. Entretanto, qualquer espécie que consegue aumentar seu território estará, ao mesmo tempo, ampliando a situação ecológica como um todo. Citando A. Gutkind, ela estará "ampliando o meio ambiente tanto para si própria quanto para qualquer outra espécie com a qual mantenha uma relação equilibrada".
Como aplicar este conceito a teoria social? Creio que para muitos leitores bastaria dizer que, na medida que o homem é parte da natureza, a ampliação do meio ambiente natural implicaria um maior desenvolvimento social. Mas a resposta para essa pergunta é bem mais profunda do que poderiam supor ecológicos e libertários. Permintam-me retornar mais um vez a idéia ecológica que afirma ser a diversidade uma consequência da integridade e do equilíbrio. Tendo em mente essa idéia, o primeiro passo para encontrar a resposta seria a leitura de um trecho da Filosofia do anarquismo de Herbert Read, onde, ao apresentar seus "critérios de progresso", ele observa que o progresso pode ser mediado pelo grau de diferenciação existente na sociedade. Se o indivíduo é apenas uma unidade da massa coletiva, sua vida será limitada, monótona e mecânica. Mas, se ele for uma unidade independente, poderá estar sujeito a acidentes ou azares da sorte, mas ao menos terá a chance de crescer e expressar-se. Poderá desenvolver-se - no único sentido real do termo - na consciência de sua própria força, vitalidade e alegria.

Embora não tenha encontrado seguidores, as idéias de Read nos fornecem um importante ponto de partida. O que primeiro nos chama a atenção é o fato de que, tanto ecologista como anarquista ressaltam a importância da espontaneidade.

Na medida em que é mais que um simples técnico, o ecologista tem um tendência a desprezar o conceito de "domínio sobre a natureza" preferindo falar em "conduzir" uma situação ecológica, em gerir um ecossistema, em vez de recría-lo. O anarquista, por sua vez, fala em espontaneidade social, em libertar o potencial da sociedade e da humanidade, em dar rédeas soltas a criatividade humana. Ambos vêem na autoridade uma força inibidora, um peso que limita o pontencial criativo de uma situação natural ou social.
Assim como o ecologista procura ampliar o alcance de um ecossistema e estimular a livre ação recíproca entre as espécie, o anarquista busca ampliar o alcance da experiência social e remover os obstáculos que possam impedir seu desenvolvimento. O anarquismo não é apenas uma sociedade sem governo, mas uma sociedade harmoniosa que procura expor o homem a todos os estímulos da vida urbana e rural, da atividade física e mental, da sensualidade não reprimida e da espiritualidade, da solidariedade ao grupo e do desenvolvimento individual. Na sociedade esquizóide em que vivemos, tais objetivos não só são considerados irreconciliáveis, como diametralmente opostos.

Uma sociedade anaquista deveria ser descentralizada, não apenas para que tivesse condições de criar bases duradouras que garantissem o estabelecimento de relações harmoniosas entre o homem e a natureza, mas para que fosse possível dar uma nova dimensão ao relacionamente harmônico entre os próprios homens. Há uma necessidade evidente de reduzir as dimensões das comunidades humanas - em parte para solucionar os problemas da poluição e em parte para que pudéssemos criar verdadeiras comunidades. Num certo sentido, seria necessário humanizar a humanidade. O uso de aparelhos eletrônicos, tais como telefones, telégrafos, rádios e televisão, como forma de intermedia a relação entre as pessoas, deveria ser reduzido ao mínimo necessário.

As comunidade menores teriam uma economia equilibrada e vigorosa, em parte para que pudessem utilizar devidamente as matérias-primas e as energias locais, e em parte para ampliar os estímulos agrícolas e industrias. O membro da comunidade que tiver inclinação para engenharia, deveria ser encorajado a mergulhar suas mãos na terra, o intelectual a usar seu músculos, o fazendeiro a conhecer o funcionamento da fábrica. Separa o engenheiro da terra, o pensador da espada, o fazendeiro da fábrica, gera um grau de superespecialização, onde os especialistas assumem um perigoso controle da sociedade.

Uma comunidade auto-suficiente, que dependesse do meio ambiente para sua subsistência, passaria a sentir um novo respeito pelas inter-relações orgânicas que garantem sua sobrevivência. Creio que longe de resultar em provincianismo, essa relativa auto-suficiencia criaria uma nova matriz para o desenvolvimento do indivíduo e da comuna - uma integração com a natureza que revitalizaria a comunidade.

Se algum dia tivermos conseguido ter na prática uma verdadeira comunidade ecológica, ela produzirá um sensível desenvolvimento na diversidade natural, formando um todo harmônico e equilibrado. E, estendendo-se pelas comunidades, regiões e continentes, veremos surgir diferentes territórios humanos e diferente ecossistemas, cada um deles desenvolvendo suas próprias potencialidades e expondo seus membros a uma grande variedade de estímulos econômicos, culturais e de conduta. As diferenças que existem entre indivíduos serão respeitadas como elementos que enriquecem a unidade da experiência e do fenômeno. Libertos de uma rotina monótona e repressiva, das inseguranças e opressões, da carga de um trabalho demasiado penoso e das falsas necessidades, dos obstáculos impostos pela autoridade e das compulsões irracionais, os indivíduos estarão, pela primeira vez na história, numa posição que lhes permitirá realizar seu potencial como membros da comunidade humana e do mundo natural.
Murray Bookchin
(em: O Anarquismo Pós-Escassez, 1974)

domingo, 11 de setembro de 2011

O GRANDE COMBATE


Foto tirada a partir de um postal editado pela Escola Secundária Antero Quental (pintura de Domingos Rebelo)

"Há, efectivamente, um grande combate travado; há dois exércitos e duas bandeiras inimigas: dum lado o Trabalho, do outro o Capital: dum lado aqueles que, trabalhando, produzem: do outro lado aqueles que, sem esforço, e só porque monopolisaram os instrumentos do trabalho, terras, fábricas, dinheiro, vivem da pesada contribuição que impõem a quem, para produzir e viver, precisa daqueles instrumentos, daquele capital.

O Capitalista diz ao Trabalhador: se queres produzir, se queres viver, se queres existir, aceita submisso as minhas condições, recebe a minha lei, sê o meu criado e o meu servo: eu apreciarei o teu trabalho, darei por ele o que entender e quiser, serei o teu director, o teu amo, o teu tirano, e só assim terás tu direito a existir! Se essas condições te parecerem duras, cruéis, inadmissíveis, deixo-te nesse caso a liberdade de morrer de fome, a liberdade da inanição!

É isto justo? É isto humano? Não, mil vezes não: e todavia é esta a cruel realidade! A concorrência e o salário põem o trabalho à mercê do capital: e este, sentindo-se forte, extrai do trabalhador tudo quanto ele produz, deixando-lhe apenas o suficiente para não morrer, isto é, para poder continuar a trabalhar!"

Fonte:http://www.ocomuneiro.com/paginas_01_antero_o_que_e_a_internacional_1871.htm

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O Jovem Libertário João Anglin



O gosto pela leitura, nomeadamente de quase tudo ao que aos Açores diz respeito, fez com que, há alguns anos, tenha chegado às minhas mãos uma separata da revista “Insvlana” dedicada ao jornal de inspiração anarquista “Vida Nova”, de Ponta Delgada, que terei lido e não dado muita importância.

Em 2010, no âmbito do meu envolvimento na defesa dos animais, ao pesquisar sobre Alice Moderno, precursora dos actuais movimentos de defesa do ambiente e amiga dos animais, deparei-me com um texto de João Anglin, no jornal “A Folha”, que primeiro havia sido publicado no “Vida Nova”.

A leitura, quase simultânea, da História dos Açores, do Dr. Carlos Melo Bento, onde o Dr. João Anglin era apresentado como “professor liceal de grande mérito pedagógico, legionário nacionalista e um dos importantes esteios do regime” e do livro “A oposição ao Salazarismo em São Miguel e em Outras Ilhas Açorianas (1950-1974) ” onde num texto da Doutora Sacuntala de Miranda a dado passo se fica a saber que o Liceu Antero de Quental, em pleno regime salazarista conservava sob a gestão do Dr. João Anglin “significativos traços democráticos” e que aquele “estava longe de ser uma figura autoritária e era coadjuvado, nas suas funções, por professores de tradições democráticas, como o meu pai e o Dr. João Bernardo Rodrigues”, despertou-me a curiosidade em conhecer melhor a personalidade do Dr. João Anglin que foi durante muitos anos reitor do Liceu Antero de Quental, escola onde frequentei os antigos 6º e 7º anos do Ensino Liceal.

Através da investigação que fiz cheguei à conclusão que, na sua adolescência, ele foi um militante libertário, já que, como escreve João Freire, não se limitou a “uma adesão intelectual à doutrina”, mas teve uma actividade de relevo “no sentido de difundir e alargar o raio de influência social” do ideal anarquista como o demonstram os textos que publicou no “Vida Nova”.

A seguir, apresento um pouco do pensamento de João Anglin durante o período que vai de 8 de Junho de 1908 a 22 de Abril de 1911.

O 1º de Maio, data comemorada em Portugal desde 1890, foi tema usado por João Anglin em dois textos. Para além da denúncia da situação degradante em que viviam (e vivem) os mais explorados, nomeadamente os operários, há nos textos uma mensagem de denúncia do capitalismo e da transformação da data, por alguns, em dia de “festas e patuscadas” e uma palavra de esperança numa revolução que “se não fará esperar muito”. Só quando tal acontecer, escrevia João Anglin, aquele dia deixará “de ser um dia de protesto e de luta para ser um dia de festa e regozijo universais”.

O anti-militarismo foi, também, um assunto que não esteve ausente das preocupações e textos de João Anglin e do “Vida Nova” à semelhança do que acontecia noutros jornais nacionais que publicavam cartas/apelos aos soldados ou cartas destes a descrever a vida nos quartéis. João Anglin, para além considerar os quartéis como “focos de imoralidade e ociosidade” escrevia que com a incorporação no exército perdiam-se braços produtores (na agricultura) e quem beneficiava era “o Estado e toda essa corte de satélites que em torno dele adejam, porque assim é mais um autómato a servi-los, mais uma lança a defendê-los”.

A influência da Igreja Católica na sociedade micaelense foi um dos alvos da luta de João Anglin como se pode confirmar através da leitura de vários textos onde, mais do que combater os fundamentos da religião, aponta as suas baterias para os “ministros” que corrompem “as sublimes doutrinas do fundador do Cristianismo”.

Na maioria dos textos de João Anglin, a educação e a instrução são os temas principais. Segundo ele, a sociedade retrógrada em que vivia só poderia ser destruída por meio da instrução que segundo ele é:

“O único guia seguro que dirige os povos pela estrada que conduz à civilização; ela é também o meio eficaz para as massas proletárias se libertarem do jugo que lhes impõe a burguesia.
Só por meio de uma instrução baseada nos princípios da justiça e do amor, é que o povo compreenderá os seus direitos e gritará bem alto: Queremos liberdade.”

T. Braga

Fonte: http://www.correiodosacores.net/index.php?mode=noticia&id=34791


Fonte: http://obode.blogspot.com/search/label/libert%C3%A1rios

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Trabalhadores desprotegidos



Nos Açores, em Junho, existiam 7 111 desempregados, mais 24,7% do que em Junho do ano de 2010.

Nos últimos dias foram despedidos cerca de uma dezena de trabalhadores da obra do novo hospital de Angra do Heroísmo. Na mesma obra, os trabalhadores estão a receber um vencimento inferior ao salário mínimo nacional, que por sua vez é inferior ao salário mínimo regional.

Entretanto, na conserveira Corretora, mais de meia centena de funcionários voltaram a ser “dispensadas” por falta de atum.

A exploração e o desrespeito pela vida humana é tanta que três dias depois do acidente que vitimou um trabalhador espanhol e um natural de São Miguel, no dia 30 de Julho, a família deste último ainda não havia sido contactada pela empresa responsável pela construção da SCUT.
Vida Nova
2 de Agosto de 2011

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Emma Goldman, uma mulher muito perigosa